quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

"a pocketful of mumbles"

Há quase duas semanas, dei por mim a cantar The Boxer, de Simon & Garfunkel.

Para não variar (muito), dei por mim a pensar no que me fazia cantar (ou murmurar) esta canção de forma tão alegre, dei por mim a pensar no que tinha feito do dia anterior, no que que iria fazer no dia seguinte... Enfim, a chuva de pensamentos - cada gota do seu tamanho e brilho - invadiu e inundou o sono. E a insónia, em sussurro e memória, pode levar-nos a lugares terríveis.

Naquele dia, tive que substituir um colega de trabalho. Não é a primeira vez que o faço, ainda assim, tratando-se de uma pessoa tão excepcional - tanto a nível pessoal como profissional - causou aquele nervosismo que nos atropela as palavras. Não é fácil calçar aqueles sapatos: os meus pés são (ainda) muito pequenos!

Quando cheguei, avisei os alunos que o meu colega não estava e que seria eu a substituí-lo. Eles já me conheciam, pois era já a segunda vez que estava lá para o substituir. A caminho da sala, uma das alunas abraça-me e diz  "vai ser um dia frio, mas aqui está agradável".  

Ora, "não foi nada de especial", dirão certamente. E é bem provável que não tenha sido. Mas, aquele braço por cima dos ombros, acompanhado de um sorriso, foi sentido como algo especial, uma feliz coincidência, pois era isso mesmo que estava a precisar. 

Há muito que pensava na solidão que, por vezes, se faz sentir naquele lugar. A minha presença inconstante e escassa impôs esse sentimento que me incomoda. 

Não sozinha, mas invariavelmente só nesta luta.


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