quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Maria Callas

Há dias ouvi alguém falar de Marylin Monroe.
As palavras vinham cobertas de admiração - porque ela era linda, porque era [e é] um sex symbol, ou até porque motivou as tropas norte-americanas em guerra e teve um caso com o Presidente! 
Os argumentos pediam a concordância, até porque [felizmente] não houve quem dissesse que Marilyn Monroe tinha uma voz linda ou que era uma excelente actriz.

Enquanto ouvia dizer o quão "espectacular" ela era, dei por mim a pensar em todas as mulheres que, por falta de uma melhor expressão, a colocam num canto. Nina Simone fá-lo-ia num segundo e Ingrid Bergman superá-la-ia mesmo sem querer, mas se há uma mulher [na história do espectáculo, da música e da encenação] inquestionavelmente mais poderosa que Marilyn Monroe - pela sua história de vida pessoal e profissional - essa é, sem dúvida Maria Callas. Venha quem vier, quer do seu tempo, quer anterior ou posterior ao seu tempo - esta mulher é PAIXÃO.


"I am not an angel and do not pretend to be. That is not one of my roles. But I am not the devil either. I am a woman and a serious artist, and I would like so to be judged."
Maria Callas

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Good Fortune


Há sons cuja força surge de um só corpo. 
Um corpo que alberga sentimentos e sonhos, ideias e ideais, motivos e monstros. E assim, os sons são absorvidos de tal forma que estilhaçam o ideal daquilo que julgamos ser. A cada palavra cantada, cada um dos cacos se ergue e procura o seu lugar. Aos poucos, os estilhaços vão reconstruindo um ideal renovado – pouco diferente do que se quebrara mas, ainda assim, diferente.
Quando oiço P.J. Harvey, sinto que os estilhaços se espalham em meu redor, sinto-os fugir da sua origem, na esperança de serem substituídos por pedaços mais fortes.
Há três dias que oiço esta voz assim que ligo o computador. 
Há três dias que quebro o que penso ser, na vontade de ser alguém melhor.



"All good fortune is a gift of the gods, and you don't win the favor of the ancient gods by being good, but by being bold."

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Thirteen (Senses)

Dizem que dá azar - juntar a sexta-feira ao número 13. Nem sei se acredito - é melhor não, não vá dar azar e o melhor será bater na madeira!


À custa deste número, fui dar com Thirteen Senses, uma banda que [talvez], ao juntar tantos sentidos, se tenha esquecido de criar algo original... Os sons fazem lembrar os anos 90 - e as tardes no quarto a ouvir a Antena 3  e a Rádio Comercial (na altura em que a Rádio Comercial era mais do que um talkshow cómico).


Mas os anos 90 também tiveram as suas sextas-feiras 13, ou não?








quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Paper Planes

Hoje, a boa disposição solta a vontade de afastar as costas da cadeira, abrir a portada da varanda e, deste 3.ºandar, com vista para o coração da cidade, enviar aviõesinhos de papel. Como fazia do 4.º andar enquanto criança - se bem que, na altura, os aviões eram balões e o papel era água...

Hoje seria então um óptimo dia para ver aviões de papel voar, observar o vôo e queda de cada um, sem horários, sem regras, sem pistas de aterragem, ...
Paper Planes de M.I.A. acompanha esta minha disposição, não me deixando esquecer que, à minha volta, estão assuntos que me preocupam e devem ser [serenamente] resolvidos. Esta canção lembra-me como até momentos calmos poderão estar acompanhados de preocupações e responsabilidades - afinal, todo este som faz-se acompanhar de um gatilho e uma caixa registadora - mas [hoje] tomo a liberdade de ignorar [uma pequena porção das] preocupações e fico-me pela tranquila musicalidade do dia! 


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Hard Sun

Estes dias têm sido calmos - parecem até compensar a aceleração da passada semana, entre um trabalho e o outro, as idas ao hospital de Coimbra e os labirintos habituais.
O soalho pede agora um tapete quente, para proteger as tábuas do frio e aconchegar os sons que por aqui passam.
Hoje, acordada com aquela vontade de fazer tudo que não é obrigação, não fosse o frio que se fazia sentir fora dos cobertores, ter-me-ia levantado e seguido caminho até à praia. Ao invés disso, corri até ao aquecedor da sala.
Estes dias têm sido frios, mas a semana vai sendo amena. E é assim que surge a vontade de ouvir os sons de Eddie Vedder em "Into The Wild, OST"

Saí de casa com Hard Sun a sussurar-me ao ouvido.

Ainda que o sol brilhe, os dias atacam-com com uma frieza cortante - diria que, metaforicamente, o mesmo acontece com tantos sorrisos que recebemos [e, por vezes, damos] e que, na verdade, se revelam indiferentes.
A natureza é implacável e a natureza humana é implacavelmente gélida, quando assim o quer ser.
Ainda assim, sozinhos - por muito que o sol brilhe - não há como aquecer o coração. Há que, isso sim, manter-nos perto de quem nos ama e nos dá esse calor e que, até mesmo quando o sol se põe, nos ilumina.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Lana Del Rey

Por vezes, o facebook tem as suas vantagens. 
Entre fotografias partilhadas e citações inspiradoras matinais, avistei um video postado por uma amiga que vive do outro lado do oceano.

Há muito que não ouvia algo assim - uma canção que me faz respirar fundo e lentamente, que me arrepia e que, ainda a meio, já me dá vontade de ouvir deste o início, outra vez. E outra vez.
 
Não sei quem é Lana Del Rey e, a bem da verdade, nem me interessa muito.
Acabo de conhecer algumas das suas canções, estou agora a absorver cada palavra, embalada em cada som, e é isso que interessa. 
É algo novo, pelo menos para mim e, neste momento, estou a adorar a sensação de conhecer esta voz que, espero, nos presenteie com mais sons que aconchegam os sentidos.