terça-feira, 23 de novembro de 2010

Breathe Me

Por vezes, parece-me impossível dissociar uma canção de um filme ou de uma série televisiva, ou até mesmo de anúncios publicitários.

E assim, quando ouvimos Misirlou por Dick Dale & His Del Tones, pensamos em Pulp Fiction de Quentin Tarantino. De igual modo, quando soa Lust for Life de Iggy Pop, damos por nós a relembrar “Choose life. Choose a job. Choose a career. Choose a family. Choose a fucking big television, …”

São vários os exemplos merecedores de comentário, mas hoje fico-me por um som que, talvez por tê-lo ouvido na televisão pela primeira vez, sou incapaz de dissociá-lo de uma série televisiva.

Comecemos pela série – Six Feet Under – que segui quase religiosamente desde os tempos em que era transmitida na RTP2.

Esta série, que deixa saudades de um tempo em que havia arte numa série televisiva – em que os sons, as imagens, as palavras se embrulhavam e se abraçavam, e lutavam umas com as outras e dali saía Arte – e dali saía um bocadinho de cada um de nós.


O som escolhido para as últimas cenas do último episódio foi "Breathe Me" de Sia.

Esta canção  a sua melancolia e [ainda que disfarçada] esperança – parecia completar aquelas imagens e conduzi-las a um final perfeito.
E assim fui conduzida ao aconchego de um som que me arrepia, no qual tropeço frequentemente, porque [às vezes] também é agradável ouvir o que nos entristece. E, quando oiço Breathe Me, a tristeza acompanha cada palavra. Felizmente, fico pela ideia de que vou a caminho do final [quase] perfeito.





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